Quem me conhece sabe que sou otimista. Não gosto de parecer vítima ou inspirar dó, por isso não tomem este desabafo por queixa ou desgosto. Cuidar de minha filha é um grande aprendizado e sou eu sempre quem sai ganhando nesta relação. Que, embora seja plena de conquistas e alegrias, nem sempre é fácil.
Muitas mudanças de rotina, volta da férias, troca de uma das acompanhantes da escola, a psicóloga que mudou de consultório, horários de terapias alterados, a professora querida da natação que se demitiu, a academia em reforma com a piscina que Milena nada transformada em um buraco cimentado a lhe inspirar terror… Enfim, não tem sido fácil para ela também.
Como resultado de tudo isso tenho uma garotinha irritada, chorona e muito, muito birrenta.
Uma situação sem saída
Ontem e hoje minha paciência esteve colocada à prova ininterruptamente. Dormiu mal, acordou muito cedo, não queria sair, não queria ficar e gritava muito. Se você tenta consolar ela não aceita, grita mais. Se você fica brava é muito pior. Joga coisas no chão, puxa o meu cabelo e o dela também. Se você tenta erguê-la do chão ela solta o corpo e grita. Se você ignora ela vai achar um jeito muito ruim de te chamar a atenção. É simplesmente uma situação sem saída.
Tem hora que dá para desviar a atenção para algo de seu interesse, ela se distrai momentaneamente e o cansaço de ouvir gritos diminui. Mas tem momentos que não há música, assunto nem nada que lhe tire da birra. É a hora de respirar bem fundo, esquecer horários e compromissos e se, não der para segurar, chorar junto com ela – o que não ajuda, pois ao me ver chorando ela fica mais transtornada.
Em busca do equilíbrio
Nesses momentos o que de pior pode acontecer é ver uma outra garotinha na TV ou pessoalmente, dialogando com desenvoltura. Aí dá uma vontade louca de parar o tempo, só para se dar de presente um momento de reflexão para arrumar o que se quebrou lá dentro, respirar fundo e buscar fôlego para seguir em frente. Guiar outra pessoa é tarefa difícil que exige um mínimo de orientação própria, de equilíbrio. Por isso tenho que me reequilibrar sempre. Até agora tenho conseguido, até porque o que para mim são momentos, para muitos pais de pessoas com Autismo é rotina. Não me sinto no direito de fraquejar com todo este potencial de Milena.
É isso, a vida. Feita de bons momentos e outros não tão bons assim a nos fortalecer um pouco mais a cada dia.
Um super beijo a todos, com o carinho e gratidão de sempre.