Apego excessivo a objetos
Estou mais uma vez às voltas com a grande dificuldade da Milena: apego excessivo a objetos – de outras pessoas.
Será que esta fase nunca passa? Vez ou outra eu compro um lápis aqui, uma régua com espelho ali, presilha, shampoo, esmalte… Mas também tento – e como tento – fazer com que ela esqueça ou supere esta mania. Quando ela me chama para mostrar alguma coisa que gostou eu vejo que ela já o faz uma carinha de quem sabe que vai ganhar uma bronca: “É muito lindo, mas nem pensar em querer isso para você, AS COISAS DAS PESSOAS SÃO DAS PESSOAS!!!”
O apontador da Moranguinho
Geralmente dá certo. Mas vez ou outra, principalmente na escola, ela desenvolve esta ambição até chegar a um ponto insuportável. A “bola” da vez é o apontador da moranguinho da Mercur. Na verdade, desde o começo do ano ela pede este bendito objeto, mas eu nunca encontrei para comprar. Recentemente a amiguinha da escola, dona do apontador aceitou trocar com ela por um apontador novo, da Pucca e a Milena fico TÃO feliz que até dormiu com o apontador! Só que dois dias depois a garota pediu de volta o apontador e minha garotinha ficou frustradíssima, dormiu falando no apontador.
No outro dia andei muito procurando e, não satisfeita, peguei a lista e liguei de loja em loja. Mas só encontrei o modelo novo da Mercur e a garotinha não aceitou, ela simplesmente não quer trocar. Ela também deve gostar pra caramba do apontador.
Como ela se sente?
Eu decidi proibir a Milena de tocar neste assunto e prometi que se ela pedir o apontador de novo eu não deixo ela voltar para a escola (tudo bem pra mim, é a última semana mesmo).
O problema é ver o quanto ela sofre. Antes da proibição ela me pegou pela mão quando eu fui busca-la e me pediu: “Mamãe vem aqui, ‘juda’ Milena conversar com a M…” (queria convencer a garotinha). Meu coração apertou no peito, pois eu não posso ajudar neste caso!
Escrevi para a Mercur e vou continuar procurando o tal, que TEM QUE SER igual, idêntico ao da garota senão não serve. Me lembro do meu amigo adulto que me disse que quando vê um aviãozinho de brinquedo que ele ainda não tem ele precisa comprar e se não foi possível ele sente acelerar o coração e é como se as pernas dele bambeassem e tornassem impossível andar. Ele diz que naquele momento é como se o mundo se resumisse nesse querer. Eu acho que é assim com a Milena.
A felicidade mora nos lugares mais inusitados
Preciso ensinar a ela que nem tudo será possível conseguir. Mas confesso que às vezes quero mesmo mover o mundo para ver o sorriso aberto que se abre em seu rostinho lindo quando ela consegue ter o objeto de desejo que vai desde uma escova de esfregar as costas (postei esta história aqui, certa vez) a um pente com dente quebrado…
Acho que só quem convive com uma criança com Autismo pode entender que a felicidade pode morar nos lugares mais inusitados.
Um forte abraço!!! Obrigada pela visita.
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