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10 anos de vida

Foi tão intensa a experiência de ser mãe da Milena que parece que se passou muito mais tempo desde que recebi minha filha nos braços em 2002. Uma delícia de experiência diga-se de passagem, rever na memória a gravidez, o parto, o pós parto (de todos os meus três filhos) me enchem de alegria.

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Os meses da suspeita de que algo estava errado, as controvérsias das opiniões médicas, os rótulos diversos… essa foi a parte ruim, uma dor desnecessária. Mas uma vez que o nome foi dado a força que chegou junto com o diagnóstico foi impressionante, parecia que eu era capaz de fazer o mundo rodar no sentido inverso, nascia ali a super mãe, se me permitem não ser modesta. Confesso que esta força está aqui comigo enquanto escrevo, misturada com um orgulho muito grande da criança linda que cresceu e me transformou – e transforma – a cada dia.

Eu achei em alguns momentos que era “balela” esta história de que as alegrias viriam com o Autismo, estava enganada. Além da enorme família a que me conectei, as crianças e adultos com Autismo que conheci e que fizeram ver o quanto a natureza humana pode ser pura sem a mescla da hipocrisia.

A relatividade da dor

Não é só beleza, não é apenas alegria. Tem muita dor nesta estrada, assim como tem em qualquer caminho por onde a vida IMG2654nos leva. Entre o dissabor trazido por um filho, que enganado pelas ilusões da vida te traz preocupações de ordem moral, um filho que surdo a seus anseios se torna um mau caráter (infelizmente não são raros) e a experiência de ter um filho especial, não tem como argumentar sobre a relatividade do conceito: DOR.

Se ver um filho sofrer com o preconceito, com a exclusão, com a ditadura do padrão normal, não é fácil, é muito mais difícil perder um filho pra droga, para o crime, para a corrupção.

Vejo muita gente enfrentando barras pesadas nesta jornada, a eles dedico todo meu respeito. Noto porém que o sofrimento e a dor não são determinados pelo grau do Autismo – tenho sido testemunha disso – o que determina a dor na jornada do Autismo é fundamentalmente a capacidade de resiliência. Isso não depende só da vontade do pai, da mãe, do cuidador, a resiliência precisa de um conjunto de fatores para se tornar base. Quando ela está presente o Autismo não é personagem principal, o amor e a força de vontade se sobressaem para quem quer que olhe.

IMG_2657Muitas dificuldades que enfrentamos hoje eu pensei que a esta altura não existiriam mais, porém tem tanta qualidade na minha filha que eu jamais pensei que ela conseguiria revelar ao mundo e que bom, me enganei. Os progressos são incríveis e nunca param de acontecer.

A delícia de ser mãe de Milena

Bom, eu poderia escrever até amanhã sobre a delícia que é não apenas de ser mãe de uma criança com Autismo, (isso é muito individual), mas a delícia de ser mãe da Milena. Aliás a prova disso são os seis anos de blog 🙂 muitos e muitos textos deste amor que extrapola fronteiras. Eu quero mais que falar de Milena, quero dizer que sou grata a todos os personagens desta história, família, terapeutas, médicos, amigos.

DSC00277Gratidão é a tônica maior destes anos e que bom que estamos tão felizes. Parabéns Milena, você é a grande heroína desta história. Espero que você possa um dia me ler. A vocês que me honram com sua leitura, muito obrigada!

 

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Quero que você saiba que não tenho a pretensão de apontar nenhum caminho nem ensinar nada. Tudo o que está escrito aqui tem a minha versão pessoal, baseada na minha própria vivência e que tem funcionado para mim e para minha filha.

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iara sene
iara sene
8 anos atrás

Olá, como.mãe de um garotinho de 2 anos e 7 meses que acabou de ser diagnosticado c autismo, está sendo ótimo ler suas experiências.
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