9 anos,  Alimentação,  Comportamento

Comportamento x Alimentação

Tivemos uma Páscoa tranquila. Apesar de comer chocolate sem glúten e sem leite, hoje notei que Milena está bem agitada, irritada, me batendo e brigando o tempo todo. Após a Ginástica Olímpica percebi uma melhora nesta irritabilidade, mas não posso deixar de relacionar ao chocolate. Uma pena, mas o chocolate, a Coca-Cola e outros alimentos fazem com que ela fique muito impaciente e realçam sintomas que conhecemos bem.

As crianças com que convivo (autistas) não tiveram nenhuma reação assim tão aparente, mas gosto de relatar aqui no blog, pode ser que alguém se identifique com nossa experiência e comece a perceber mais a relação comportamento x alimentação.

Análise do Comportamento

Vale a pena investir na Análise do Comportamento. Desde que Milena é bebê aprendemos a perceber as alterações de humor e comportamento, diferenciando das birras “normais” ao quadro do Autismo (aquelas que vem da frustração perante os limites, etc) e as mudanças referentes ao ambiente. Quando tudo está dentro de uma rotina esperada – lembrando que nossa rotina não é “engessada” e sim dinâmica – consigo relacionar a impulsividade, irritação, auto e hétero agressão aos alimentos. Até chegar até aqui, porém tivemos que percorrer um longo caminho.

Foi tentando relembrar um pouco o que passamos que reli alguns textos do início do blog. Resolvi postar um trecho de um dos textos de outubro de 2006, para relembrar a época em que tudo era muito mais difícil. Compartilho com vocês e volto em breve com mais do nosso dia a dia. Tenho muita coisa pra contar e agora que nossos eventos referentes ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo já não tomam conta de nossos pensamentos e do nosso tempo, vou conseguir postar com mais frequência.

Fiquem com o texto antigo, quem gostar todos os de outubro de 2006 estão ótimos e contam mais desta fase de 04 anos da Milena. Obrigada pela partilha, pela leitura e pelo carinho! Paz e luz 🙂

Trecho de texto publicado em 09/10/2006:

[…]

Milena está falante, está dialogando e isto me fascina, não consigo descrever minha emoção em ver minha filha elaborando sua comunicação e ampliando sua verbalização. Só quem vive a experiência pode avaliar o quanto é bom.

Eu também estou sendo testada na paciência como nunca. Milena está exigindo cada vez mais. Como toda criança ela está querendo atenção exclusiva, só que os caminhos para mostrar a ela os limites é um caminho que não existe, é desbravar floresta, abrindo o caminho a facão!

Não adianta dizer não, não resolve apenas explicar. Não ter o que quer na hora que quer, parece que causa nela uma dor. Essa dor é tão forte que ela pode até morder seu bracinho ou bater em sua cabeça ou até mesmo apertar um machucado que está cicatrizando… nada parece doer tanto quanto o não.

Nestas horas uma crise acontece e a paciência precisa surgir em meio aos gritos, tapas e objetos arremessados e estilhaçados. Graças a Deus já superei o impulso de bater (educação herdada) pois principalmente no caso da minha caçula, só desencadeia outros comportamentos agressivos. Além do mais bater é coisa do passado, uma palmada sem raiva no bumbum hoje em dia, não se justifica mais. Essa geração internet, não aceita imposições e isso já vem do berço.

Eu tenho me concentrado muito nas vitórias, no quanto ela está se desenvolvendo e tenho agradecido muito a Deus. Quanto às birras, vou me dar o tempo de entender todo o processo para intervir melhor. Não serei precipitada e nem irei me desesperar. Vai passar. Tanta coisa já passou, vou conseguir colocar os limites, mas sei que vai ser mais lento.

O psicólogo que cuidou da Milena ainda bebê nos disse uma vez: Tudo o que acontece com outras crianças, acontece com sua filha, mas com ela é como assistir a um filme em câmara lenta. Os detalhes são percebidos e valorizados e o que passa rápido nos outros, na sua filha vai durar o tempo que ela precisa.

Como já escrevi muito, vou parando por aqui.

Texto completo:

Vitórias e crises

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Quero que você saiba que não tenho a pretensão de apontar nenhum caminho nem ensinar nada. Tudo o que está escrito aqui tem a minha versão pessoal, baseada na minha própria vivência e que tem funcionado para mim e para minha filha.

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