Relaxando

Fomos a um hotel fazenda neste carnaval. O lugar, apesar de rústico e um tanto quanto mal administrado, tem o privilégio de contar com várias cachoeiras em um pedaço de mata nativa, típica do cerrado, com águas claras e limpas vindas de uma nascente próxima. Para quem ama o contato com a natureza, como é o meu caso, isso é tudo de bom.

Melhor ainda, foi unir a tudo isso pessoas muito especiais, um grupo de turistas que mais pareciam amigos de longa data e que se integraram de maneira espontânea. Pude deixar Milena muito à vontade, ela se comportou bem e eu fiquei em paz sem a tensão comum a estes momentos de convívio mais estreito com outras pessoas, quando estamos fora de casa.

Vigília constante em meio às superações da Mi

amigos

Na cachoeira, fiquei impressionada com a destreza da minha filha. Todos sabem, nem toda pessoa com Autismo tem dificuldades motoras. Mas a Milena tem e até voltou para a fisioterapia este mês, por conta disso.

No primeiro dia, quando vi o trajeto para a cachoeira pensei que seria impossível para ela passar por aqueles córregos cheios de pedras escorregadias, mas que nada! Ela teve dificuldades, demorou, mas conseguiu e no último dia já estava se movimentando sozinha de um lado para o outro. Como ela sabe nadar bem, embora eu não descuide nem um minuto, pude deixa-la à vontade.

Embora esta tranquilidade, percebi que, se eu quiser mesmo descansar, tenho que levar uma babá comigo nestes lugares. Pois por mais que ela não dê tanto trabalho como em outros tempos, temos que ficar ligados o tempo todo eu ou o pai em revezamento constante.

equilibrio1

Obstáculos a serem ultrapassados

Ela falou muito sobre o cavalo (ela pronuncia cálo…) e eu até achei que ela iria adorar dar umas voltas. Mas quando os cavalos chegaram, ela entrou em pânico, ficou transtornada, se chegássemos perto ela se jogava no chão, corria e abraçava a perna da primeira pessoa, conhecida ou não, colocava os dedos nos ouvidos e isso não foi muito legal. Em alguns momentos ela se soltava um pouco, observava de longe, mas havia alguma coisa que o cavalo fazia e ela se desesperava outra vez.

Milena gosta de animais, aparentemente, mas não pega, não acaricia nenhum deles (para ela é difícil até mesmo acariciar uma pessoa…). E alguns animais ela tem este pavor inexplicável. Quando ela está assim, se tentamos mesmo devagar, com paciência ajudá-la, ela bate, chuta, solta o corpo no chão, por isso temos que dar tempo ao tempo e não forçar, embora eu tenha certeza de que a vontade dela é mesmo montar como todo mundo. Este medo sem razão de ser acontece em alguns momentos, mas sempre insistimos até que ela consiga superar.

Sem espaço para o preconceito

Compapai

Preciso enfatizar o quanto foram momentos de paz e vieram em boa hora. Agradeço a meus novos amigos por terem acolhido tão bem a minha filhota. Tive a impressão de que em nenhum momento ela os incomodava. Fosse quando se levantava de repente indo de mesa em mesa conversar, ou mesmo quando entrava nos chalés sem ser convidada. Se não entendiam o que ela falava, ela procurava alternativas para se fazer entender. Ninguém perdeu a paciência com ela, ninguém se mostrou incomodado, foi realmente dias de descanso em um lugar lindo, cercado de pessoas da melhor qualidade. Agradeço a Deus por isso.

Nadandoduas

Ainda pudemos passar em Araxá na volta, fomos na CASA DO CAMINHO, trabalho assistencial de um verdadeiro anjo de Deus na terra, nosso irmão Tadeu. E tive a grata surpresa de encontrar um grande amigo a quem tenho o maior carinho e admiração, ele atualmente é deputado federal. João Bittar é uma das pessoas a quem mais admiro nesta vida, os abraços que pude dar nestes dois amigos me trouxeram lágrimas aos olhos e encheram meu coração da boa energia que os sentimentos mais nobres são capazes de produzir.

Milena se comportou muito bem em meio aos abrigados da casa. Conversou com naturalidade, perguntou o porquê da cadeira de rodas, da bolsa de urina, colocando o dedo no ouvido quando soube do que se tratava… Experiências valiosas para a minha filha que a todos encanta com seu jeito espontâneo e sincero, sem hipocrisia, sem verniz social. Ela é simples e sincera. Eu apenas explico quando vejo a estranheza das pessoas frente as suas reações que se trata de uma criança especial e, pelo menos em ambientes assim, fica tudo bem.

Acredite no bem

relax

Tem muita gente fazendo o bem por aí, tem muita gente com bom coração em nossa sociedade.O mal ainda chama mais a atenção, a desgraça ainda dá mais audiência. Mas se colocássemos em rede nacional toda a boa ação praticada, todos os trabalhos voluntários, todas as obras gratuitas de amparo e apoio, nós seríamos mais crentes na nossa capacidade humanidade, teríamos mais esperanças.

Aos pais e mães de pequenos que ainda dão muito trabalho ao sair de casa, paciência. Posso dizer com certeza que eles melhoram sempre, só não desistam de sair. Os micos que pagamos com birras e comportamentos inadequados diminuem. Mesmo que da forma deles eles aprendem a conviver, todos ganham com isso, principalmente eles mesmos.

Cachoeira2

sorrisoUm forte abraço a todos vocês! Que eu possa passar um pouco desta leveza e alegria que trago em meu coração depois destes dias de descanso.

 

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