De volta do 1º Encontro Brasileiro de Pesquisa em Autismo

Acabo de chegar de Porto Alegre, estive no 1º Encontro Brasileiro de Pesquisa em Autismo. Grandes nomes da pesquisa do Brasil e exterior estiveram reunidos apresentando seus estudos, foi muito bom. Conheci muita gente que só conheço via net e foi uma grande alegria poder abraçar amigos até então virtuais.

Foram quatro dias fora e Milena ficou muito bem na minha ausência, pois estava com a irmã, papai também ficou por perto e a vovó Sônia estava de plantão.

Afetividade e Autismo

Duas (1)

Quando cheguei, Milena estava ansiosa no aeroporto. Mal peguei a minha mala ela passou pelo segurança e entrou na sala de desembarque, pulou no meu colo, me abraçou e me beijou. Tive que carregar a mocinha de 1,34m de altura, pois ela não queria desgrudar mais 🙂

Ainda acho gente por aí para dizer que a pessoa com Autismo não é afetivo ou não expressa sentimento… Se fosse no passado eu teria pensado: será que ela está “sarando”? Como eu era ingênua…

Sem perceber, eu pensava como a maioria. Que essas crianças não evoluem, não aprendem, os sinais de melhora eram tidos como a negação do diagnóstico. Embora eu não saiba exatamente se Milena aprendeu a ser mais afetiva ou se eu entendo melhor o seu jeito tão característico de se comunicar.

Uma menina que não gosta de ser confortada

Em um outro momento deste meu dia de retorno, fui até a cozinha e encontrei minha menina chorando em silêncio, rosto molhado de lágrimas. Perguntei o que tinha acontecido e ela contou que o papai tinha brigado por ela ter batido a porta, fui em sua direção e ela saiu de perto dizendo: “Não quero beijo!” (ela não aceita ser confortada).

Mais tarde, quando ela já estava bem, contei a seu pai, ele foi até ela explicou-se e pediu desculpas. Ah! ela recomeçou a chorar e disse para ele que não queria saber de abraço.

Aviões e consultas

aeroportoEla está fixada em aviões, quando fomos ao Rio ela ficou super excitada, parecia que era a primeira vez que voava. Agora só fala nisso e pergunta o tempo todo, quando vai voltar a viajar. Tô perdida!

A viagem ao Rio foi muito legal, ela curtiu e não queria voltar para cá de jeito nenhum. Os médicos foram super positivos, elogiaram os progressos, mas a neuro receitou uma dose ainda maior de Ritalina… Eu já desconfiava que seria assim.

O tempo de atenção dela precisa, de fato, melhorar ou corremos o risco de terminar mais um ano sem grandes progressos na aprendizagem. O problema é que Milena não quer ser diferente da turma, quer o mesmo livro dos colegas, as mesmas atividades. Entretanto, ela não consegue acompanhar, ela ainda nem lê!

Eu nem sei se quero que esta “ficha” caia para ela, pois quanto mais ela se dá conta de que é diferente mais difícil fica ver seu sofrimento.

Depois faço outro post mais caprichado. Estava com saudades de postar e assim que esta garotinha desgrudar de mim, volto aqui.

Um super abraço a todos!!!

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