Efeitos colaterais da gripe
Eu tenho lido um bocado sobre Autismo nesta minha pesquisa para a monografia. É doloroso a retrospectiva que remonta o cenário de cinqüenta anos atrás quando os pais eram responsabilizados por causarem Autismo em seus filhos. O próprio Leo Kanner, responsável por revelar o Autismo ao mundo, grande pesquisador que muito contribuiu para os estudos e pesquisas, foi quem deu o infeliz rótulo: mãe-geladeira.
Fico imaginando o sofrimento daqueles pais passando pela dor de ver um filho se isolando, sem saber como ajudar e ainda levando a culpa por isso. Até hoje alguns poucos teóricos, principalmente os que estão ligados à psicanálise (uma minoria), acreditam neste absurdo. Mas a quase totalidade dos pesquisadores atuais já declaram ser o Autismo uma síndrome com bases orgânicas e semana passada eu tive a prova viva desta afirmação.
Gripe, Amoxilina e Autismo
Depois de muito tempo sem adoecer, nossa Milena pegou uma forte gripe. Febre alta e prostração, tosse e vômito. Muito interessante, em primeiro lugar, notar que quando está com febre, ela fica muito, muito mais atenta. Em conversa com amigos, os relatos confirmam que isto é comum, eu tenho até um artigo que diz que a febre ameniza temporariamente os sintomas do Autismo. Eu até filmei um diálogo com a Mi, pois ela fica muito mais falante e mais lúcida. Muito estranho.
O mais incrível, porém, foi quando a pediatra, nossa tão querida amiga que nos acompanha desde que a Mi tava na barriga, receitou Amoxilina para a sinusite que surgiu da gripe. Antes que eu percebesse a relação comecei a notar que ela estava agitada, irritada, com mais sensibilidade para ruídos e toques. Ela começou a chegar em casa e gritar assim que entrava. Batia portas, jogava coisas, batia na própria cabecinha. Por alguns dias eu revivi tudo o que passei com a Mi quando ela era menor e não falava. Foi como ter um pesadelo, acordar dele, mas voltar a sonhar tudo de novo.
Quando percebi uma semana depois que ela estava daquele jeito depois que começou a tomar a Amoxilina, liguei para a Dra. Nádia que suspendeu a medicação na hora, afirmando que o transtorno de conduta pode sim ter sido um efeito colateral. Milena voltou ao seu padrão de funcionamento, doce, meiga e carinhosa.
Lembrando que: cada pessoa é uma pessoa
Eu sei que cada pessoa com Autismo é única, sei que fatores combinados e diferentes detonam o Autismo na pessoa e que em muitos a base genética é forte, em outros a ambiental e em outros a orgânica. No nosso caso, não há como negar o peso do fator orgânico no Autismo da Milena e talvez por isso ela tenha se beneficiado tanto com a dieta sem glúten e sem caseína (SGSC).
É maravilhoso ter a minha filhinha de volta meiga e carinhosa, mas acima de tudo, faladeira. A cada minuto é um “perquê?”, “cê ta fazendo?”, “cê vai?”, “cê foi fazê lá?”. Uma graça, Milena é uma menininha apaixonante. Agora, deixa eu correr minha gente! Boa semana para nós 🙂