4 anos,  Desenvolvimento atípico

Dificuldades X incapacidades

É impressionante o processo de desenvolvimento de uma criança! Como a maioria de nós nem se dá conta disso? Como eles se apropriam do nosso saber de forma rápida. De uma hora para a outra vemos nossos filhos argumentando, dialogando e percebemos que aquilo aconteceu sem que nos déssemos conta.

Com Milena também é assim, pois ela tem um desenvolvimento alterado, inconstante, mas ela se desenvolve. E como! Estou dizendo isso pois é um erro bastante comum generalizarmos as dificuldades e rotulá-las como incapacidades. Sempre digo por aqui que uma pessoa com Autismo PODE encontrar DIFICULDADE em tal habilidade (olhar nos olhos, interagir, imaginar, etc). Sem as palavras em destaque esta afirmação é interpretada de forma errada e quando alguém presencia o diálogo de um autista se espanta: “Mas ‘fulano’ conversa? Ele não é autista?”

A pessoa com Autismo é diferente, apresenta graus variados das mais variadas dificuldades e a combinação destas diferenças “produz” pessoas também muito distintas entre si.

Por isso alguns conversam, fazem amigos, trabalham, casam, produzem. Outros são capazes de realizar mentalmente cálculos matemáticos complexos e não amarram os próprios sapatos, outros só se balançam em um isolamento quase completo do mundo…

Mas todos podem ser estimulados, a maioria, senão todos, podem ser ensinados a fazer o que não conseguem aprender sozinhos. Por isso a intervenção precoce é tão importante e neste particular todos vocês que nos visitam no Mundo da Mi tornam-se responsáveis. Falar sobre o Autismo e divulgar o Autismo é ajudar a muito mais gente do que vocês podem imaginar.

Valorizando cada conquista

Carrinho de supermercado com prateleiras ao fundo.

Bem voltando ao desenvolvimento da minha princesa, ela está terrivelmente sabida. Eu sou vegetariana e mesmo não tendo nada contra quem come carne, acabo querendo influenciar os meus filhos a comerem menos carne. Hoje fomos ao supermercado e eu disse à Milena que iríamos comprar coisas pra fazer “papá”. Na seção de carnes enquanto eu escolhia ela disse “quero” e mostrou a carne. Eu respondi: “credo filha, isso é bichinho morto”. “Chichinho ôto?” “É sim”, eu respondi. Ela se virou pra irmã dela que estava do lado e falou: “Tatá, papá chichinho ôto”. E apontou para a boca, aberta. Detalhe: ela estava com fome.

E a cada hora uma nova frase, uma nova relação, uma nova mostra da compreensão do contexto. E a mãe babona segue feliz e grata a Deus por tantas dádivas, festejando cada nova conquista e cada vez mais apaixonada pela oportunidade de ser mãe da Milena.

Meus queridos internautas, vistantes deste cantinho, leitores de meus relatos semanais, valorizem cada conquista de uma criança e tente mostrar aos pais desta criança (se não forem vocês) o valor de um apontar, do brincar, do fingir, da fala, do controle do xixi e do cocô, da capacidade de aprender… Não existe riqueza maior.

Boa semana e bom feriado a todos.

Grandes beijos cheinhos de gratidão pela visita.

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Quero que você saiba que não tenho a pretensão de apontar nenhum caminho nem ensinar nada. Tudo o que está escrito aqui tem a minha versão pessoal, baseada na minha própria vivência e que tem funcionado para mim e para minha filha.

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