Anel de sapinho.
3 anos,  Comunicação

Começo de semana

Todo começo é bom, começo de semana também. É claro que tem a preguiça característica das segundas, mas a expectativa sobre o que vem por aí é estimulante.

Quem não entende muito isso deveria conversar com os pais de crianças portadoras de transtornos do espectro autista. Estou usando este rótulo, porque muita gente que não se considera (ou a seu filho) autista, mas está dentro do espectro e não cansam de nos surpreender.

São seres no mínimo instigantes! Às vezes nos empenhamos em ensinar alguma coisa para estas criaturinhas (como diria meu amigo Kleber) e elas se mostram “impermeáveis”. Nem olham pra nossa cara de bobo repetindo, repetindo. Então você desiste ou perde a paciência e um belo dia eis que surgem com a novidade. Além de tudo, os danadinhos ainda demonstram boa memória.

Repertório musical

Eu sou atualmente um “aparelho” de áudio. Minha filha olha para mim e diz: “tatá”. Bem, ela tem uma irmã cujo apelido é Tatá, mas ela não quer a Tatá, ela quer cantar. E lá vou eu com o repertório que ela pede:

  • “Papai”: música cantada no dia dos pais (tenho que fazer os gestos);
  • “Daçá”: música que ela dançou na festa junina (tenho que fazer os gestos);musicas milena semana
  • “A-Hum”: “o sapinho faz hum – ah – hum” na hora do ah mostro a língua (lindo de se ver);
  • “Pé pé”: “o sapo não lava o pé”: ela vai falando quem não lava o pé e nessa hora usa todo o seu repertório de palavras, aí sai coisas como: “o carro não lava o pé”…

E aí outro dia ela me pediu: “mar”. Achei que era a música do dia das mães: “mais linda que as ondas do mar”, mas não era. Ela se referia a uma música que eu cantava muito para ela e que já tem tempo que não canto: “Nas conchinhas lá do mar…” Enquanto eu não “achei” a música a mocinha não parou de pedir.

É gratificante ver minha filha conseguir se comunicar, pedir, escolher, ter preferências. Tudo bem que tenho que cantar no metrô. E quando estamos andando na rua ela para e enquanto eu não canto (olha o mico) e faço os gestos ela não se dá por satisfeita. Mas é um preço pequeno demais para pagar. Houve um tempo que eu nem sabia se essa pequenina iria falar!

Manias do momento

  • Anel no dedo, quando cai ela diz: “dê memél” – (cadê o meu anel?), ficamos o dia todo procurando anel aqui em casa, já tem uns cinco anéis de reserva;
  • Está tapando os ouvidos toda vez que está na rua ou em lugares com muita gente;
  • Tem que usar a blusa da escola o tempo todo, mesmo que eu coloque outra por cima, mas a da escola tem que estar presente.

É isso. Um beijo em cada um de vocês, visitantes queridos e muita paz em suas vidas!

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Quero que você saiba que não tenho a pretensão de apontar nenhum caminho nem ensinar nada. Tudo o que está escrito aqui tem a minha versão pessoal, baseada na minha própria vivência e que tem funcionado para mim e para minha filha.

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