O primeiro texto que eu li, quando o Autismo era apenas uma desconfiança, foi de uma revista Seleções de fevereiro de 2004, onde uma mãe norte-americana contava sobre seu filho que tinha Disfunção de Integração Sensorial (tema do meu último post), segundo ela, “uma condição ligada ao Autismo”. Ela relata as terapias a que seu filho foi submetido e no final termina o texto dizendo que seu filho era um amoroso aluno da 1ª série, preocupado com uma tia que havia perdido a irmã. Ou seja, amoroso, carinhoso e preocupado com o próximo.

Outro dia, Milena me disse na hora de dormir “Cissa dodói…” Eu entendi muito bem: a Alícia sua coleguinha da escola tinha se machucado. A professora veio me contar, depois quando eu procurei saber, que a aluninha colocou um bolinha de papel no nariz e foi um sufoco para tirar… Segundo ela, Milena ficou muito preocupada.

Preocupada com o pai

Este fim de semana o papai ficou doente e minha garotinha que tinha ido para a casa da avó e não queria voltar pra casa de jeito nenhum. Só precisou ouvir que o papai estava em casa doente pra ela se prontificar a vir embora na hora. Desde ontem, quando vê o papai dormindo, fica perguntando o tempo inteiro: “papai dente (doente)?”. Ela perguntou em uma das vezes: “dodói no bubum?” (como ela tem intestino preso, pra ela dodói no bumbum é comum). Eu respondi: “não, amor, o dodói do papai é na garganta”. E ela: “côxo (pescoço)?”. E eu respondi: “é, a garganta é dentro do pescoço”. Mas ela indignada repetia: “vevê dodói papai”.

E é assim, não pode ver ninguém chorando que não desgruda e é visível a sua preocupação. Como disse a mãe no texto que mencionei: “com que frequência menininhos se põem no lugar dos outros? Talvez esse alto gesto de inteligência emocional esteja relacionado à sua sensibilidade”. Quanto a mim, a cada dia me encanto mais com a capacidade de cativar dessa menina tão especial chamada Milena.

Uma boa semana a todos vocês!