Dois gatinhos, um malhado outro branco com a testa marrom, se abraçando.

Bácho tetádo

Organizar as sensações do próprio corpo no ambiente, regulando os sentidos para o desenvolvimento de habilidades, é básico para o desenvolvimento de uma criança. Mas é comum que crianças com transtornos do desenvolvimento, autistas ou não, apresentem Disfunção de Integração Sensorial (DIS).

No livro Uma Menina Estranha – autobiografia de uma autista, de Temple Grandin (Cia. Das Letras), a autora afirma: “Quando eu era criança, costumava me enrolar num cobertor ou me cobrir com almofadas do sofá para satisfazer meu desejo de estímulo táctil”. E também: “O estímulo táctil, para mim e para muitas crianças autistas, é uma situação em que só podemos perder. Nossos corpos pedem o contato humano, mas quando esse contato se estabelece, nós nos retraímos, porque nos provoca dor e confusão” (2002, pg. 38).

Os primeiros sinais de DIS

Milena, quando bebê, nos dava mostras de apresentar problemas de integração sensorial. Havia uma postura inadequada, chamada hipotonia (não mantinha a coluna muito ereta). Não rolava ou se arrastava como os outros bebês. Também descobrimos que ela não chorava ao se machucar, sendo em muitos momentos insensível à dor. Ela também provocava fortes impactos no seu corpo como cair de joelhos no chão ou se jogando com as mãos espalmadas e também, embora mais raramente, bater na sua cabecinha ou morder os seus bracinhos.

A terapia do abraço

Logo no início me inteirei do assunto e ao ler sobre a Dra. Temple Grandin que veio a inventar o que ela chamou de “máquina do abraço”. Eu, que já sou grudenta e chameguenta com qualquer pessoa e em especial com bebês, comecei a fazer a terapia do abraço na minha filhinha.

Era evidente que ela às vezes se acalmava com nossos abraços, pois seu pai também a abraça muito. Eu sentia que quando ela estava muito agitada, além do abraço, apertar os seus braços, mãos, pernas e pés, massagear com óleo, apertar entre almofadas a acalmavam. Depois, sob orientação de uma Terapeuta Ocupacional fizemos o balanço de lycra também com este fim, como já descrevi aqui no blog (com fotos). Balançar também é um estímulo.

A medida que Milena foi crescendo nós dizíamos “abraço” e ela se deixava apertar. Eu comecei a dizer “abraço apertado” e quando eu cessava de apertar ela olhava e falava “dois, têis e…”. Ou seja: um, dois e três e já (mais abraço apertado). Hoje em dia virou mania, ela pede a qualquer hora ou onde estiver: “bácho tetádo” e lá vamos nós amassar nossa garotinha.

Mas tem uma coisa: não queira que ela te abrace ou beije no seu tempo, ela tem o tempo dela. Às vezes, ela recua quando as pessoas pedem um abraço. Mas é possível que após um breve período ela mesma chegue perto e peça um “bácho”. Se for uma ocasião rara e você for uma pessoa que a conquistou de verdade, ela pode até pedir um “bácho tetádo”.

Confesso que fazer terapia do abraço foi um achado. Foi uma terapia também para a mãe, pois foi necessário paciência para fazê-la gostar. Mas como valeu a pena.

Beijos e muitos báchos tetádos em todos os nossos visitantes.

Uma boa semana a vocês.

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