6 anos,  Estimulação sensorial

Viajando

Estas férias prolongadas tem sido um desafio à parte para mim. Ainda não entreguei a danada da monografia e com Milena em casa o tempo todo fica complicado. Como fazemos a cada ano, levamos a mocinha para ver os médicos que a acompanham no Rio de Janeiro: neuro, pediatra (homeopatia antroposófica) e oftalmologista. Aproveitamos o fim de semana para que ela se divertisse na praia.

Brincadeiras no avião

Milena adora avião, fica muito empolgada com aeroporto, ela gosta de ver os aviões, de voar e eu já devo ter falado sobre isso aqui há alguns anos. No início, quando ela era bem pequena, não parecia se dar conta de onde estava. Eu tentava apontar, mostrando o céu, as nuvens e ela não tinha muita reação, era frustrante.

Quando a levei a São Paulo, se não me engano, para as avaliações na Mackenzie com o Dr.  Salomão, em outubro de 2006, ela ia fazer quatro anos. Foi quando ela se deu conta do que era avião e eu fiquei encantada. A partir daí a cada viagem ela demonstrava um nível mais apurado de atenção e interação. Atualmente ela comenta tudo o que vê, aborda as pessoas, fica muito feliz e ansiosa.

No voo de ida ela se sentou com o pai e eu fiquei em um banco atrás estudando, pra variar. No banco da frente dela tinha uma mulher que queria dormir e se estressou com o fato da Milena estar brincando, falando o tempo todo. Ela brigou, pediu para a Milena ficar quieta… Meu marido ignorou solenemente, continuou brincando e a mulher resmungava de vez em quando. Acho que se eu estivesse com a Mi teria discutido com a outra. “Quer dormir minha filha? Vai pro hotel…” Uma viagem rápida e a “bonita” queria paz. E olha que a Mi não estava gritando, não estava incomodando ninguém. Eu levei massinha e ela estava brincando de fazer “bolo” com o pai. É impressionante o quanto o ser humano pode surpreender tanto na compreensão e solidariedade quanto na ignorância e insensibilidade.

Praia e consultas

Ela estava pedindo para ir à praia há meses e quando ela chegou ao hotel e viu a praia ainda à noite, ela demonstrou sua empolgação. No outro dia, ela já se levantou pulando e perguntava de dois em dois minutos: “Ela vai paia, ela vai marrrr?” E foi muito bom, ficamos nos dois dias o dia todo na praia, ela ficou feliz o tempo todo e o que mais me impressionou foi o efeito, o depois.

Milena ficou falante, ligada em 220W. Perguntava o tempo todo, falava com todo mundo, abordava as pessoas no rua, nos consultórios, perguntava “como cê chama?”, “anos cê tem?”, “perquê cê veio aqui?”, “que cê ta fazendo?” e falava, falava… Estava, para dizer com muita franqueza, inconveniente e quando chegava ao fim do dia eu estava exausta! As médicas ficaram impressionadas, mas acharam muito desmodulada a interação da minha linda. Cada consulta durou cerca de duas horas, pois a danadinha não me deixava falar com as médicas…

Nunca imaginei que um dia eu iria escrever um post deste. Eu adorei e acho muito mais fácil modular do que desenvolver. Agora é trabalhar com ela o que é adequado nas tais regras sociais e esta modulação é muito difícil para a pessoa com Autismo. Eu tive um amigo de 50 anos, autista, que conheci quando ele me abordou na rua de forma inesperada como se já me conhecesse. Me ligava a qualquer hora, várias vezes por dia, abordava todo mundo na rua se apresentando. Milena é muito nova e tem todo um aparato de profissionais para ajudá-la, vamos continuar atentos.

Aguardem os próximos capítulos… Temos um novo desafio à frente: alfabetizar Milena. GRANDE desafio.

Beijos a todos. Desculpem a ausência. Obrigada pela visita!

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Quero que você saiba que não tenho a pretensão de apontar nenhum caminho nem ensinar nada. Tudo o que está escrito aqui tem a minha versão pessoal, baseada na minha própria vivência e que tem funcionado para mim e para minha filha.

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