Grandes desafios
Eu tenho uma novidade: estamos de mudança. Mudança radical, vamos morar em Porto Alegre.
Mais uma vez estamos nos distanciando da família. Esta é a terceira vez para a Milena (foi para o Rio com dois anos, voltou para Uberlândia com quatro anos). Será a minha vigésima mudança de casa, a sétima cidade!
Milena está sendo devidamente preparada com muita antecipação e, por enquanto, está gostando. Meus filhos ficam em Uberlândia, por isso será a primeira vez que Milena ficará longe da irmã, que como todos sabem, é uma verdadeira “irmãe”. Faz tudo o que a Milena quer, dormem juntas no mesmo quarto e é quem a Mi chama no meio da noite quando acorda, ou seja, vai ser uma barra pesada esta separação. Sem dizer o quanto será complicado ficar longe das avós, avôs, tios e primos, coleguinhas da escola, terapeutas…
Por mais que meu compromisso no blog seja oferecer uma visão mais otimista da jornada no Autismo, confesso que em certos momentos isso fica muito difícil, pois na verdade, os desafios surgem a cada dia mais, uma vez que somos uma sociedade excludente, que tem muito que aprender sobre respeito às diferenças, aceitação e luta pelos direitos de todos…
Uma nova escola pra Mi
Estou aqui em Porto Alegre, vim para escolher uma escola e estou muito decepcionada. Hoje após a sexta escola que visitei me deu um desânimo enorme. Todas as escolas ficaram de me dar uma resposta posteriormente, pois antes terão que se reunir com equipe e direção para só então decidirem se poderão aceitar ou não a Milena. Me senti de chapéu na mão, como uma pedinte.
Na última escola que visitei, eu até pedi para as pessoas que me atenderam que me fizessem um favor, que intercedessem por mim uma vez que elas estiveram com Milena e viram o quanto ela é uma criança doce e meiga. Eu estava com os relatórios de todas as escolas pelas quais minha pequena passou, apresentei alguns laudos e mesmo com tudo, dizendo o quanto é fácil lidar com ela, nenhuma escola conseguiu me responder se a aceitariam.
Inclusão escolar
Por mais que eu esteja olhando do lado interessado, do lado da família que quer o direito à vaga, penso que é contraditório uma escola não aceitar uma criança. Em se tratando de um caso grave de alguém com transtorno mental severo que não se beneficiaria com o ambiente escolar, alguém que grita, se agita, agride aos outros eu até poderia concordar. Mas trata-se de uma criança que precisa muito da escola, que não altera sequer a rotina da sala de aula. Juro que não consigo entender. E ainda assim, todas consideraram necessária a presença de uma mediadora ou acompanhante cujo custo será assumido por nós, a família.
Mudança de rotina
Milena está feliz como sempre, ainda não percebeu o que vem pela frente, mas hoje me perguntou se eu posso levar a irmã dela junto na mudança. Esteve muito empolgada como sempre com o avião e o hotel e sempre parece ser a primeira vez. Ela se comporta muito bem, pergunta sobre tudo o que vê e atualmente tenho chamado a sua atenção para que não fique conversando com estranhos, ela obedece e torna as nossas saídas menos estressantes. Às vezes aborda algumas pessoas, mas bem menos que antes. A cada dia que passa ela fica mais compreensiva e mais atenta. É educada e ainda que todas as pessoas consigam perceber algo diferente nela, não se trata de nada constrangedor como era antes.
No que diz respeito à Milena e seu comportamento só tenho que dar graças a Deus e valorizar todo o trabalho que tem sido realizado pelas terapeutas, pela escola, por nós e reconhecer o esforço que ela tem feito para responder a todo estímulo que recebe.
Vou ficando por aqui, na esperança de que possamos encontrar o melhor espaço para nossa princesa (não é princesa mamãe, é Milena, ela diria) e que nós enquanto sociedade, possamos falar menos e fazer mais para termos mais paz e igualdade de oportunidades para todas as pessoas. O resultado disso com certeza será em benéfico de nós mesmos. Muitíssimo obrigada por sua visita!