Atendimentos no Instituto Autismo e Otimismo
Eu já comentei aqui que atendo pelo nosso Instituto Autismo e Otimismo algumas crianças com Autismo que não tem condição financeira de custear um atendimento melhor. A abordagem neurocognitiva que Milena recebe é meu recurso para estes atendimentos e mesmo com uma frequência abaixo da ideal, conseguimos promover o aprendizado de habilidades fundamentais a estas crianças.
Mais uma família precisando de ajuda
Recentemente fomos procurados por uma família que está atravessando um momento muito difícil, o filho de oito anos um lindo menino por sinal, tem se auto agredido com beliscões no dorso e tapas muito fortes e constantes em sua cabeça a ponto de tirar o cabelo e ferir o couro cabeludo. Além disso, não tem noção de higiene pessoal, não se alimenta sozinho e tudo na casa é de plástico, pois ele quebra tudo o que vê.
Se vocês me perguntarem se por tudo isso trata-se de um grau de Autismo muito grave, respondo que não. Por incrível que pareça ele tem uma ótima percepção de mundo, está ligado no que acontece à sua volta, tem um “olho no olho” muito bom e é inteligente. Ao mesmo tempo, não tem senso social, não tem interesse em ser ou fazer nada pelo outro ou porque o outro quer. O centro do mundo é ele próprio, ou seja, é autista.
Ainda assim tem potencial de sobra para se desenvolver e eu quero muito ajudá-lo, mas preciso de ajuda para conseguir, pois ele é atendido pelo CAPSI, porém, até hoje não conheci nenhuma pessoa com Autismo que realmente tenha se beneficiado com o atendimento deste órgão governamental. É um apoio, sem dúvida, principalmente pelo acesso a um psiquiatra, mas efetivamente, no dia a dia, faz pouca diferença na vida destas pessoas.
Últimos recursos
A família precisa urgente de apoio e temos tentado fazê-los ver que bater é a pior das atitudes, mas a mãe com humildade relata que diante da sua incapacidade em lidar com o filho, lança mão do único recurso que conhece: a punição, o castigo, os tapas.
Ela agora já não bate tanto, consegue perceber que jogar o prato de comida no chão é um ato para chamar a atenção e ignorar e redirecionar será muito mais eficaz do que bater e desencadear com isso mais comportamentos inadequados. Mudar a cultura do não é muito difícil, pois fomos educados assim, e somos condicionados assim.
Esta criança precisa também de estímulo sensorial, pois o sistema de integração sensorial destes indivíduos são alterados e a estimulação é imprescindível. Ele toma doses enormes de medicamentos controlados e nem isso consegue entorpecê-lo, graças a Deus, mas também não consegue resolver o problema.
A importância da intervenção precoce
Quando convivo com pessoas com este nível de comprometimento consigo avaliar melhor o tamanho do efeito positivo da intervenção precoce que possibilitou à Milena ser hoje tão doce como é. Recebemos esta semana uma amiga do Rio que veio nos visitar e como ela é surda, pensei que Milena não iria conseguir conviver bem, pois ela faz leitura labial e minha menina fala ainda de forma desarticulada… Enfim, se deram muito bem e achei lindo demais quando hoje ela se despediu da minha amiga quando estava indo embora:
– Tchau menina (só chamou a moça de menina o tempo todo), depois vô sua casa viu? Dá beijo sua mamãe tá bom? Dá beijo seu papai também e na Calól (Carol) viu?
Fico tãaaao orgulhosa dela, quando ela demonstra se preocupar com o outro, quando ela se lembra do outro que ela nem convive. Quando ela segue a regra social, mas sem ser hipócrita, pois se isso fosse exigido dela talvez ela não conseguisse fazer, mas como é espontâneo ela faz com uma propriedade comovente.
Dissemine a informação sobre o Autismo
Espero em breve trazer boas notícias deste meu novo amiguinho, me cobrem. Não vou revelar o nome dele aqui apesar da mãe ter autorizado, mas ainda assim, peço que orem por ele, pois é angustiante quando tenho que ir embora e vejo que ele me pede com o olhar que não vá. Ah! ele fala, tem mais este ponto positivo a seu favor.
Por isso, peço que me ajudem a divulgar o Autismo, este blog, outros blogs e sites, para que as pessoas tenham cada vez mais informação e que saibam que existe tratamento adequado e que com a intervenção certa, meninos como L. serão cuidados e terão mais qualidade de vida.
Um beijo beeemmmm grande!
[…] convivo com muitas outras histórias de Autismo, como relatei no post anterior. Na maioria das vezes, trata-se de comprometimentos muitos maiores que o da Milena, casos mais […]