9 anos,  Comportamento

Altos e Baixos

???????????????????????????????Deixei Milena na escola e me despedi: – tchau filha, mamãe te ama muito. Quando a vi subir as escadas com a mochila pesada, voltei e perguntei se ela queria que eu a ajudasse, ela muito segura respondeu: – não. E em seguida completou: – e eu também te amo.

Ela diz que me ama com frequência, mesmo em momentos que quer falar comigo e não estou dando atenção ela tem o hábito de dizer: – mamãe te amo, dá atenção para sua filha 🙂 Ou me dá beijos em troca de atenção. Tudo bem, é manipuladora e sedutora minha menina, mas já falei sobre isto no post passado.

Co-regulação emocional

O que foi especial neste dia, foi voltar pra casa com estas palavras tão sinceras e ditas de maneira tão doce ecoando nos meus ouvidos, aquecendo meu coração. Após a prece de gratidão a Deus por tudo o que Milena conseguiu desenvolver, fiquei pensando no que aprendi no workshop do Eric Hamblen sobre co-regulação emocional.

Houve um momento em que foi dito sobre ensinar os meninos a expressarem sua raiva, uma criança típica xinga, grita, fala desaforos, bate a porta do quarto… por mais que a gente diga que é feio elas acham um jeito de expressarem esta emoção, angrymas nossas crianças não. Sempre que fazem algo de forma instintiva para expressar sua frustração ante as inúmeras inadequações que eles enfrentam, nós repreendemos. Eles não tem um canal legítimo para expressar raiva.

Na verdade a maioria deles nem sabe que sentir raiva é comum, que todos sentimos raiva. Estas coisas tão óbvias para nós precisam ser ditas a eles com todas as letras: ei, tudo bem você sentir raivaraiva!

A mensagem tem que ser clara: entendo sua raiva, também sinto raiva. Não aceito sua agressão. Quem está com raiva é você, eu estou bem e posso te ajudar… legitimar a raiva que sentem, sem reforçar comportamentos agressivos ou auto lesivos.

Expressando raiva

Mas ali, naquela tarde, ouvindo a Milena dizer com tanta naturalidade: eu também te amo, pensei no quanto ela ouve a gente blogmiraiva2em casa dizer isso. Eu digo para meu marido, ele pra mim, digo para meus filhos sempre que falo com eles ao telefone ou skype, ou seja, ela tem modelos que aos poucos incorpora. Em termos de raiva não forneço um bom modelo não. Eu realmente não sei xingar, o máximo que sai de forma impulsiva é “que saco” ou “droga”. Mesmo assim, como Milena estava falando “que saco” nós barramos esta expressão, hoje em dia se eu falo saco de lixo ela corrige na hora: não pode falar saco mãe!

Por isso é tão difícil ensinar a ela a expressar sua raiva! Eu nunca tinha pensado nisso. É irreal pedir a alguém que quando ficar bravo, não bata, não grite, não se morda, mas e aí, o que é que pode fazer? Riscar uma folha com força ou bater em uma almofada, como eu sempre sugeri? Fala sério, você chuta uma pedra e vai procurar um almofada para bater?

Agora estou na função de ensina-la a dizer que não gostou, que está com raiva ou que está nervosa. Disse a ela para pedir: -dá um tempo! E até que isso veio em boa hora…

Energia em baixa

ambiente2É que minha montanha-russa do Autismo – a figura de linguagem usada por meu amigo Argemiro – está na descida e eu estou cansada destes altos e baixos! Sem pessimismo mas me dando o direito de desabafar aqui no blog, preciso dizer que minha energia não é mais a mesma, mas preciso respirar e como sempre me fortalecer.

Milena está com nervos à flor da pele. Agressiva, irritada com o Transtorno Opositor afiadíssimo, tem exigido de mim uma regulação emocional total!

Ela tem chegado da escola muito irritada, qualquer coisa começa a gritar, um grito pra nos afetar, persistente, agudo, contínuo. E tenta nos afetar fazendo algo que sabe que é errado. Eu com cara de paisagem, mantendo a calma e o equilíbrio dizendo: – você está magoada porque a Ká não te emprestou a tiara, você queria muito. Ela vai te emprestar a tiara depois. Vamos juntas fazer outra coisa e você vai esquecer. Eu estou bem, se você precisar de ajuda estou aqui.

frustraE fico lançando mão de estratégias para redirecionar a atenção, mas ontem, por exemplo, ela saia da crise, ficava terna, doce e carinhosa, mas depois por qualquer coisa voltava de novo a birra. Eu tenho que ser muito criativa fazendo o que ela quer e dando suporte sensorial, que ela mesma pede: massagem, apertar entre almofadas, pular no colchão, andar de cavalo (ai minhas costas!) e desta forma ela vai aos poucos saindo da crise.

Guia de emoções

A sensação que tenho atualmente é que estou o tempo todo guiando Milena no terreno conturbado de suas emoções. É como estar dirigindo um carro que teima em se desgovernar, preciso estar juntinho com ela, redirecionando sua atenção, dando suporte para suas incertezas.

Bom, vou terminar porque isso está longo demais, mas provavelmente continuarei o assunto no próximo post, espero que seja mais uma fase e que passe logo.

Obrigada a todos, é fantástico receber o carinho em forma de recado, fico muito grata.

BEIJOS!!!

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Quero que você saiba que não tenho a pretensão de apontar nenhum caminho nem ensinar nada. Tudo o que está escrito aqui tem a minha versão pessoal, baseada na minha própria vivência e que tem funcionado para mim e para minha filha.

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