Dia das Mães
Este Dia das Mães foi marcado por comemorações bem simples que não exigiram muita exposição. Milena não precisou dançar coreografias, nem se apresentar para grandes públicos. Tanto na escola quanto nas terapias, exploraram as produções individuais. Recebi cartões e artesanato que encheram os olhos desta mãe cada vez mais coruja.
Milena e as apresentações
Eu não sei dizer qual a relação dela com as apresentações. Fica nervosa e segue parcialmente a coreografia. Mas depois passa dias, meses, vendo e revendo os vídeos, faz até estereotipia de tão empolgada que fica.
Na aula de música, até que houve uma apresentação, a turminha de oito crianças cantou: “mamãe eu te amo, eu te amo grande assim” para as mães no final da aula. Foi legal demais, mas ela fica olhando os amigos e perde o ritmo. Por mim tudo bem, o fato dela estar ali na frente exposta e feliz já é o melhor dos presentes. Mas ela sente. Acho que, se fosse apresentado umas três vezes, ela entraria na sincronia, mas como é novidade diferente dos ensaios, ela demora a processar.
Na escola
Na escola, estivemos juntas na sala em um primeiro momento e fizemos a decoração da moldura de uma linda mensagem. Sentei-me de frente para ela e tentei chamar sua atenção, mas ela ficava olhando para os lados, observando as outras pessoas, bem distraída frente à tarefa, mas muito ligada em tudo o que acontecia em volta.
Percebi que ela se aproxima dos amigos, observa o que eles estão fazendo e não sabe o que fazer para participar. Eles ajudam muito, pegam-na pela mão, mas ela não cria, ela não propõe, não toma iniciativas e demora muito para entender a dinâmica das brincadeiras. As outras crianças a deixam de lado e ela fica ali orbitando em volta. Ela sente, eu sei que sente e meu coração se aperta, e aperta muito.
Eu não tenho NADA a fazer a não ser continuar trabalhando as bases do desenvolvimento, esperando que ela consiga ficar mais pronta para reagir frente às demandas que surgem no relacionamento com as pessoas.
Ritalina
Muita gente me pergunta sobre essa medicação, a única alopática que a Mi toma. Na terça-feira tive uma oportunidade fantástica, fui dar aulas na pediatria da Universidade Federal de Uberlândia para os residentes da pediatria e equipe. Fiquei muito lisonjeada com o convite, tentei tocar os corações dos futuros profissionais para o diagnóstico precoce e creio que consegui de alguma forma, despertar o interesse pelo assunto.
Por conta deste compromisso, Tatá ficou encarregada de aprontar Milena para as terapias. Eu percebi, assim como todos, o quanto ela estava atenta, falando baixinho, muito comportada. A irmã me contou depois que deu o remédio e geralmente eu não dou o remédio pela manhã.
Confesso que acredito nos benefícios do medicamento, mas a grande questão é: ela revela a real personalidade da Milena se ela não tivesse o Autismo, ou entorpece a minha filha de alguma forma e faz com que ela assuma um comportamento que não é dela? Eu fico com a sensação que outra pessoa está ali, estranhamente quieta, concordando com tudo, falando baixinho.
Ela não gosta de tomar o comprimido, isso para mim já é um sinal. Pois ela toma todos os homeopáticos e resiste ao outro e talvez por isso ou por ler uma bula assustadora, não gosto de dar o comprimido. Dou, mas não gosto 🙁
Alfabetização
A alfabetização ainda está sendo um desafio. Parei com o Doman pela falta de interesse da Milena, é preciso engajamento e ela não estava a fim. Seguro minha expectativa, afinal o tempo dela tem que ser considerado. Mas com cuidados redobrados para que ela não se acomode, pois, como tem dito ultimamente “tô peguiça mamãe”, preciso ficar ainda mais atenta.
BEIJO!!!!