Ufa, ainda de férias por aqui!!!
Me desculpem por todo este tempo sem postar nada… mesmo não sendo um blog muito popular, não tendo aquele compromisso com seguidores que vejo em outros blogs que sigo, eu me sinto em falta quando fico sem postar… fica ressoando este compromisso em minha consciência!!! Mas nas duas últimas semanas fizemos duas viagens, fomos a São Paulo para o AT-EASE Camp, com Eric Hamblen e Marie Dórion e apenas três dias após chegarmos em casa, levantamos voo de novo rumo à Belo Horizonte, uma viagem de quatro dias para a formatura do papai na sua segunda pós-graduação. Ufa!!!
A Milena adora uma rotina (preciso confessar que eu também) mas sempre foi tão mais frequente em nossas vidas a quebra de rotina, as mudanças, hóspedes, viagens, que para nós chega a ser rotina sair da rotina. Já temos uma rotina montada para sair de rotina evitando o estresse 🙂 Calendário, antecipação, fotos, histórias sociais, tudo vale.
Colônia de férias terapêutica
Quero contar um pouco para vocês desta experiência que foi estar com Milena em uma colônia de férias terapêutica. Foi a segunda vez, pois já estivemos em uma experiência em Uberlândia com o DIR-FloorTime que vocês podem ver no post de julho de 2012 nos arquivos dos 09 anos.
Quanto ao AT-EASE eu fiz um curso com o Eric dois anos atrás e gostei muito. Desde então eu queria que ele visse a Mi e me ajudasse a definir novas metas para seu desenvolvimento. Estranho pensar assim né? Afinal, estamos falando de um ser humano, então essa coisa de meta soa meio estranho quando falamos de uma relação de amor entre mãe e filha no dia a dia comum a todos, esta educação que deveria ocorrer de forma espontânea e natural como é para todo mundo. Essa é uma das coisas que aprendi aqui na estrada do autismo, o processo que deveria acontecer de forma natural precisa de ajustes, de estimulação e entendimento para que o desenvolvimento possa ocorrer sem pular etapas importantes. Onde uma criança típica aprende ‘sozinha’, nossas crianças precisam de ajuda. Foi pensando e agindo assim que conseguimos tanta coisa nestes anos.
Milena sempre foi esta garota incrível e amorosa e sempre me mostrou que queria ajuda para se desenvolver, ela me dita a medida (que eu tento muito ler e entender) de onde ela quer chegar e o que ela quer deixar com está. Uma garotinha que passou os primeiros anos gritando, sem conseguir se expressar, agredindo e agredindo-se, hoje senta em uma solenidade de formatura e se comporta melhor do que todas as demais crianças típicas ao redor. Acho que pelo menos para nós, as escolhas deram certo.
Metas futuras
Para metas futuras muitos ajustes. Eric foi incrível e leu a Milena melhor do que eu mesma e me mostrou coisas que eu apenas desconfiava, como o quanto a Milena amplifica todas as emoções, para uma coisa que apenas me assusta ela pula, se derrama algo ela tapa os ouvidos como se fosse a pior coisa que podia ter feito e quando está com medo é um medo muito, muito intenso. Ele me falou como eu posso ajudar ficando mais neutra diante destes acontecimentos inesperados sem exagerar nas exclamações, sem levantar muito o tom de voz e também brincando com ela fazendo pequenas surpresas, dando pequenos sustos de brincadeira, jogando jogos que trazem o inesperado como pula-pirata ou aquele jogo de carta que a gente bate quando determinada carta cai na mesa.
Alguns pais podem estranhar a forma como o AT-EASE lida com as dificuldades dos autistas, ao mesmo tempo que compreende intensamente as limitações e respeita o tempo e a vontade de cada indivíduo, não se valoriza esta limitação, não se enfatiza a limitação e definitivamente não se mima a criança como nós mães geralmente fazemos. A ideia é desenvolver competência, fortalecer auto-estima trabalhando com as emoções no seu polo positivo. Nós mães com nosso instinto protetor (ninguém gosta de ver filho sofrer e crescer pode vir com um certo sofrimento) muitas vezes querendo ajudar, exageramos na dose. Pude ver isso claramente em mim e talvez por isso tenha me sentido tão fragilizada naqueles dias.
Esta experiência é daquelas que envolve muitas emoções e talvez por isso seja tão difícil de descrever. Sou muito grata à toda a equipe e aos amigos que fiz e revi fora e dentro do Camp!!!
Eu sinto muito que o custo desta atividade seja tão alto, sou grata aos voluntários que tornam possível mas sonho mesmo em ver no Brasil a possibilidade de tratamentos assim para todo mundo 🙁 Queria compartilhar, ensinar, vivenciar com cada autista que conheço, ainda mais quando vejo que são coisas tão simples, pequenos ajustes na forma que lidamos com eles, em casa, no dia a dia, onde for e que fazem tanta diferença.
Eu estou às ordens para quem quiser saber mais. Eu não sou capacitada para ensinar, mas sempre posso contar da minha vivência, de como foi para mim. Na verdade, quando eu estava muito perdida sem saber o que fazer, foi assim que aprendi, lendo, conversando, trocando com outros pais. Queria muito poder fazer o mesmo.
Vou ficando por aqui, desculpem o texto longo e volto em breve contando mais sobre nossos novos desafios que sempre estiveram aí, mas que tomaram mais forma nos últimos dias. Dia 23 as férias terminam e com a volta às aulas, estaremos de novo frente ao nosso maior ‘problema’ atual, vamos conseguir, eu sei.
Um beijo carinhoso, obrigada por ler!
Lindo relato!!! Me inspiro muito em vocês!!!
E se puder me mandar alguma coisa para ler sobre isto para ler agradeço.
Elisa revirei meus arquivos para achar um texto sobre o AtEase e não consegui encontrar, mas o blog da Marie (Uma voz para o Autismo) fala muito sobre como a Marie vem aplicando isso com os filhos. Qualquer coisa, me manda um email com perguntas e eu te respondo com o maior carinho <3 Obrigada :]
Ainda bem que postou… rs .. e claro que tem seguidores.. sou uma fiel seguidora e me inspiro muito em suas palavras e experiências para o meu dia a dia com a Manu. Obrigada sempre!!
Parabéns pelo blog. Li alguns textos e gostei muito. Tenho duas filhas de 4 e 9 anos, nenhuma delas tem autismo, mas às vezes as reações são tão parecidas… Criança é criança. Mais uma vez parabéns pela iniciativa. Estou certa de que seu exemplo de amor e dedicação deve ajudar muita gente. Um beijo para você e para a Milena.
Um grande beijo Dora!
Filhotes de sorte tendo uma mãe que se ocupa em ler e entender que o autismo mesmo não sendo sua realidade diária, diz respeito à nossa humanidade!
OBRIGADA!!!!!!!