7 anos,  Desenvolvimento atípico,  Escola

Eu não sou pano de prato pra ficar de molho

Neste tempo em que estive afastada do blog, por duas vezes perdi o que havia escrito para postar… Eu sempre salvo, mas confesso que desta vez mereci o aborrecimento, pois não salvei o documento! Inexplicavelmente o recurso auto salvamento também não funcionou. Será que o problema está entre a cadeira e o teclado?!

Estou bem, caros amigos. Agradeço a todos que me enviaram e-mails carinhosos, agradeço a atenção comigo. Sou muito, mas muito feliz com minhas amizades virtuais ou não, e agradeço a solidariedade. Faz um bem pra alma ter amigos!

Eu já estou de volta à rotina, dirigindo, andando, administrando a casa, as contas 🙁 E embora esteja ainda em ritmo reduzido, estou grata a Deus por poder finalmente levantar da cama. Duas semanas de molho… Ninguém merece!

Independência “forçada”

A Milena está tão linda, foi atenciosa, perguntava o tempo todo: “Pelísa ajuda?”, “Você tá bem mamãe, salô dodói?”. Acho que percebeu que não pode contar comigo 100% como para agachar, pegar sua pasta, dar colinho o tempo todo e agora está “totalmente” independente 🙂

Ontem falei que ia arrumar seu lanche e ela toda orgulhosa me disse: “Já ‘marrei’ o meu lanche”. Quando eu fui ver a merendeira estava em cima da mesa devidamente fechada, dentro estavam: uma banana, um pedaço de bolo em um potinho tampado, um suco e uma embalagem de balinha que eu tinha comprado mais cedo, além do guardanapo… E ela havia tirado as embalagens do dia anterior e colocado na pia. Hoje organizou em cima da cama o short, camiseta, calcinha e sapato para se arrumar para ir para a escola.

Meu Deus! Minha filha já não precisa de mim!!!!!!!

Ela é muito organizada e se lembra de tudo o que precisa levar, tomar, fazer. Frequentemente nós adultos esquecemos, mas ela não!

O desafio do aprendizado atípico

O meu desafio atual com a Milena é a aprendizagem. Minha amiga Fabíola está adaptando exercícios para ela fazer na escola, pois, ela não aceita conteúdos diferentes, ela quer fazer o que todo mundo está fazendo. Por isso tivemos muitos problemas na escola, mas agora ela está mais bem assessorada neste sentido. Enquanto a turma (2º ano) está vendo artigo e substantivo (eu fico pasma com esta precocidade!), ela vê o mesmo texto, mas identificando letras ou fazendo algo compatível com o seu estágio de desenvolvimento.

O que eu sei atualmente após estes anos de ansiedade e pressa em que tudo era estimular, estimular, é que tudo para a Milena vem no tempo dela. Claro que eu não sei se esta estimulação toda fez com que ela se desenvolvesse tão bem ou se ela teria chegado até aqui mesmo sem intervenção (embora meu coração diga que teria sido bem pior). O fato é que o tempo da Milena é diferente e tudo o que ensinamos, tudo o que estimulamos traz resultados bem depois.

A natação é um exemplo, ela só ficava flutuando por três anos consecutivos e isso para mim já era um ganho. Hoje em dia ela nada batendo os braços de forma sincronizada (quando ELA quer), mergulha a piscina toda. Mas esta é uma conquista que saltou aos nossos olhos outro dia.

No ritmo dela

Outra coisa é o piano, a musicalização… Enquanto os colegas dela nem frequentam mais o introdutório, ela permanece ano após ano e recentemente tem nos mostrado que tem ritmo, que consegue marcar o tempo de uma música, está tocando atabaque e tem dedilhado uma música ao piano de vez e quando com ajuda. Passa horas batendo nas teclas do teclado aqui em casa, mas aos poucos o que não tinha sentido nenhum vai se transformando em aprendizagem e desenvolvimento.

É esse o fascinante processo de desenvolvimento humano que acontece naturalmente nos típicos e que precisa ser ensinado aos não típicos que me encanta! Ver que é possível com paciência e persistência ensinar estas crianças o que precisam saber para serem o mais independente possível. Não tem preço. É inegável o prazer e a alegria que sentimos quando podemos fazer coro com Reuven Feuerstein:

“Não devemos permitir que uma só criança fique em sua situação atual sem desenvolvê-la até onde seu funcionamento nos permite descobrir que é capaz de chegar. Os cromossomos não têm a última palavra”

Beijins estalados de alegria, obrigada pela visita!

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Quero que você saiba que não tenho a pretensão de apontar nenhum caminho nem ensinar nada. Tudo o que está escrito aqui tem a minha versão pessoal, baseada na minha própria vivência e que tem funcionado para mim e para minha filha.

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