Autismo em Bebês, minha visão – Introdução

*Use fones de ouvido para escutar melhor o áudio.

Eu recebo tantas mensagens de mães e familiares desconfiados de Autismo em seus bebês, que resolvi, mesmo já tendo contado a história do diagnóstico da Milena tantas vezes, fazer um post mais completo a esse respeito.

A cada dia percebo essas desconfianças surgirem mais cedo, principalmente nas mães, afinal a informação tem chegado a mais pessoas e se antes era raro o diagnóstico de Autismo em bebês, hoje se tornou muito mais comum. Acreditem ou não, há pouco tempo uma mãe me escreveu desconfiando da quietude em seu bebê de apenas um mês de idade, eu a acolhi da melhor forma, porém eu achei impossível essa percepção tão precoce, mas para o meu espanto o diagnóstico se confirmou após um ano. Sei que se trata de um caso muito raro, mas ainda me espanto em lembrar.

Aqui a desconfiança de algo errado veio aos quatro meses de idade, o primeiro diagnóstico de “Transtorno Invasivo do Desenvolvimento” foi dado aos oito meses e depois, uma maratona entre especialistas diferentes (veja mais na aba “Como conheci o Autismo” aqui do blog), para finalmente recebermos o diagnóstico de Autismo aos 3 anos e 10 meses, na época um Autismo considerado leve.

Sim, eu já sabia que havia algo diferente aos quatro meses pois é possível identificar sinais bem cedo e se você tem desconfiança sobre o desenvolvimento do seu bebê, saiba que você não tem que esconder isso, nem tem que se sentir só. Muita gente pode dizer que você está vendo coisas que não existem, mas se uma luz de alerta se acendeu, dê ouvidos à sua intuição já que o coração às vezes sabe mais do que a razão pode explicar. Porém, vá com cuidado, se você transformar isso em uma obsessão (preocupação faz essas coisas com a gente), você corre o risco de suas desconfianças não serem levadas a sério e o pior de tudo, você pode perder este tempo lindo que é a fase de bebê. Focando sua atenção demais no que não está se desenvolvendo bem, você pode perder de vista tudo que há de bom e mágico em cada momento dessa fase.

Eu sei que é difícil pedir calma para algo assim, mas creia, sua ansiedade não ajuda e quanto mais você conseguir seu equilíbrio, melhor.

Por isso, se você vive esta preocupação, investigue e busque ajuda sim, mas nunca deixe de curtir muito esse tempo que voa, que não volta e que deixa saudades. Busque suas respostas, mas nunca deixe de se encantar.

Prepare-se para ouvir frases como: “cada bebê tem seu tempo”, “toda criança faz isso”, “você está vendo coisas”. Que isso não desanime sua busca por respostas, nem te faça perder um tempo precioso demais, porque geralmente quem diz essas frases não vai estar presente pra te ajudar nas consequências que a perda deste tempo pode trazer.

Conversar com outros pais, mães ou cuidadores e buscar se informar não vai fazer mal nenhum e quanto mais cedo você começar a intervenção, mais chances vai ter de que o seu bebê receba a estimulação adequada e se desenvolva melhor. Saiba que com Autismo ou não o desenvolvimento vai acontecer, mas quanto menos lacunas, quanto mais amplo e completo este desenvolvimento se der, melhor será a perspectiva de aquisição de habilidades e aprendizagem para a vida. Digam o que disser, este é um resultado para o qual qualquer esforço vai valer.

Dito isso, você deve saber que nem sempre sabemos o que olhar, às vezes nem temos ideia do que procurar para saber se há de fato algum atraso ou mesmo como devemos estimular. Por isto, o ideal seria que você primeiro lesse mais sobre os marcos do desenvolvimento infantil. Claro que em apenas um texto do blog não vou conseguir cobrir assunto tão amplo, mas espero que você possa ao menos se direcionar melhor a partir daqui.

Pois bem, para tirar mais proveito desta fase tão propícia ao aprendizado, o bebê ou a criança precisa ser avaliada logo, então ao invés de dar ouvidos a todo mundo que te diz que vai ficar tudo bem ou que “o seu tio era assim também”, faça o seguinte, tome nota dos pontos que te chamam a atenção, faça uma lista mesmo, isso vai te ajudar a organizar seu pensamento e também será o seu guia na hora de conversar com o médico se a desconfiança continuar.

Para te orientar sobre o que procurar vou te contar o que me chamou a atenção.

Toda criança passa por fases bem distintas de desenvolvimento, que é construído em blocos, como se pequenos tijolos que simbolizam cada habilidade básica, se juntassem para depois crescer em complexidade e se tornar essa estrutura cada vez mais sofisticada. A gente consegue separar esta aquisição de habilidades em fases e também agrupar em áreas.  Diferentes teóricos (pesquisadores, escritores), vão definir estas áreas de forma diferente e dar nomes ao conjunto das habilidades de acordo com a linha teórica que seguem, em termos gerais, nós vamos olhar para o bebê procurando o mesmo que o médico (neuropediatra, psiquiatra infantil ou pediatra do desenvolvimento) irá checar, eles se orientam por um modelo de desenvolvimento que está descrito em manuais, aqueles que eles se baseiam para dar o diagnóstico.

As áreas que apontam o diagnóstico do TEA (Transtorno do Espectro do Autismo) são três no manual chamado DSM-V (o mais utilizado para os laudos) e são duas no CID que é o Código Internacional de Doenças. São elas:

*Comunicação, Interação Social e Comportamentos Restritivos – DSM

*Linguagem Funcional e Deficiência Intelectual (Aprendizagem) – CID

O Perfil  Psicoeducacional Revisado (PEP-R) de Eric Schopler e outros, traz duas áreas a serem avaliadas que são:

*Desenvolvimento Geral – Imitação, Percepção, Motor fino, Motor amplo, coordenação olho-mão, Desempenho cognitivo e Cognitivo verbal.

*Comportamento – Relacionamento e afeto, Brincar e Interesse por materiais, Respostas sensoriais e Linguagem.

Estes são alguns exemplos das áreas do desenvolvimento infantil que, sejam divididas como for, irão direcionar o seu olhar. Há escalas como o MS-Chat ou o CARS ou mesmo o IDEA que você encontra online, mas que muitas vezes, é difícil de seguir ou interpretar e embora sejam abertas aos pais, são melhor conduzidas se respondidas com a ajuda de um profissional da área.

Se você não tem acesso a este tipo de informação seja porque acha difícil de entender ou não tem como contratar um profissional, você pode também começar a observar os sinais de uma forma mais natural como os pontos que listarei na próxima publicação e que, espero, seja útil para te dar um norte. Ao final do texto, deixo um link com uma lista traduzida dos marcos do desenvolvimento.

Manual do Desenvolvimento Infantil da Organização Pan-Americana de Saúde

Instrumento de Acompanhamento do Desenvolvimento Infantil CDC Americano (em português) 

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Ramon
Ramon
3 anos atrás

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