Quatro folhas verdes e vermelhas dispostas uma do lado da outra sob uma superfície de madeira.

Comparações

Qual pai ou mãe nunca se pegou comparando seu filho a outra criança? É bem comum nas rodinhas de conversa ouvirmos sobre as proezas de pequerruchos e em algumas ocasiões vira quase uma disputa. É um tal de meu filho fez isso, minha sobrinha falou aquilo, meu afilhado já sobe, já pega, já engatinha. Todo mundo acha lindo ser precoce.

Posso garantir a vocês que no caso dos pais de crianças com transtornos do desenvolvimento existe quase uma necessidade de comparação. É que não temos os marcos do desenvolvimento como no caso das crianças típicas. Então não sabemos se o que nosso filho está fazendo (ou não fazendo) é ou não um avanço ou um problema… É como viajar sem mapa.

Quando encontramos uma outra criança, que no nosso caso, tenha algum grau de Autismo, é um tal de perguntar: “ele faz isso? Ele come tal coisa? Ele já está lendo? Ele gosta de computador? Ele presta atenção na TV?”.

Já ouvi mais de uma vez algum pai ou mãe dizendo que tem vontade de conhecer outro autista. Engraçado, né? Eu mesma quando encontro alguma outra criança que está no espectro me pego comparando, sempre tem algo que minha filhota está a frente e algo que fica atrás.

No tempo dela

Milena encanta pela calma, quase toda criança com Autismo que conheço é agitada ou quer ficar no seu canto. A Mi quer ficar com as pessoas, quer a seu modo interagir (pena que seja insistente ou inoportuna muitas vezes). Também na maioria das vezes minha linda fica devendo no cognitivo, pois muitas crianças que conheço tem uma mobilidade motora ótima. Conseguem operar o computador, o aparelho de som, de DVD ou já estão se alfabetizando. Nossa garotinha ainda está longe de adquirir estas habilidades, embora eu não tenha dúvida alguma de que este dia vai chegar.

O bom disso tudo é que eu já aprendi e cada dia aprendo mais a entender e respeitar o tempo tão próprio da minha filha. Me corrijo quando me pego comparando e valorizo cada pequena conquista, facilidade ou habilidade da minha menininha.

“Céto?”

O que tem marcado bastante esta fase atual dela é a finalização de suas frases com a palavra certo. Tudo ela pergunta: “Céto, mamãe?”. Como quem diz: “você me garante?”, “você entendeu?”. Então ela afirma:

– Nenêna qué tinta, céto?

– Mamãe cômpa búza (blusa) shopping, céto? – Detalhe: a palavra shopping ela fala com perfeição…

– Mimi cása vovó ôvo (dormir na casa da vovó de novo), ceeeeéeeto mamãe? E seu eu não respondo ela dispara a me chamar pelo nome:

– Kixinha, mamãe, amôooor – e me pega no queixo até eu olhar pra ela e repete: – céeeeto?

O difícil é resistir ao charme e dizer não 🙂

Um beijo a todos e fiquem com Deus.

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