Diversos lápis de cor formando um arco-íris.

Qual a sua cor preferida?

Essa foi a pergunta que uma amiga da Milena me fez esta semana. Ela também tem cinco anos e quando eu respondi que é o azul ela me olhou, torceu a boca e afirmou com muita propriedade: “a minha é rosa”.

Fiquei pensando, enquanto as duas se afastavam pra aula de natação, quantos conceitos uma criança precisa apreender para formular uma questão assim. Ela precisa se reconhecer enquanto um sujeito; Entender que as cores existem e identificá-las; Reconhecer em si a preferência, ouvindo outra pessoa ou percebendo seu próprio gosto. Perguntar ao outro exige curiosidade, preocupação com o que o outro pensa e também uma vontade de se sentir igual, ou então afirmar sua posição contrária.

As delícias da independência

Esta autonomia, que é consequência de um amplo processo de desenvolvimento, pasmem, pode significar o terror para muitos pais que insistem na educação pela imposição. Como por muito tempo trilhei também este caminho de equívocos, hoje percebo o quanto a autonomia é significativa e, claro, exige dos pais direcionamento e para isso há que ter tempo, ouvido para ouvir e olhos para ver as atitudes reveladoras do seu rebento. Ah! Que coisa difícil, Cristina!!! Sim, é mesmo. E não há no mundo outra tarefa tão desafiadora quanto a educação. Pois educação é doutrinação, acompanhamento, investimento de tempo e… exemplo.

Mas aí eu te pergunto: o que é mais fácil, orientar alguém que não anda sobre qual caminho deve seguir, ou ensiná-lo a andar?

A mãe de uma criança especial não enfrenta apenas o desafio do direcionamento da autonomia de seu filho. Antes, ela precisa lutar para que seu filho desenvolva a autonomia, e persegue isso como seu mais nobre ideal.

Não existe resposta certa

Milena está lutando para aprender as cores. Temos ensinado em terapias e na hora do aprendizado ela responde com sucesso, mas na hora da generalização a coisa se complica um pouco. Eu a vejo perguntando, interessada no nome das cores, mas quando desafiada pelos tantos adultos (que adoram) a dizer o nome de uma cor ou outra, geralmente ela diz azul, outras vezes acerta. Eu gostaria de dizer a ela que não importa que ela responda de forma correta. O que importa de verdade, é o quanto ela enche de cor as nossas vidas. Nós precisamos aprender a olhar e valorizar o processo, e não o resultado. Ou seja, o que importa é o esforço que ela tem feito para aprender. E não se responde de forma correta a uma pergunta, que para ela é sem sentido.

Mas infelizmente, para que os adultos comecem a perceber as coisas dessa forma, talvez fosse preciso nos tornarmos um pouco autistas. Aí sim, assumiríamos nossas singularidades ao invés de uniformizar comportamentos.

É, virou um desabafo!!! Mas como este é o meu espaço de sentir, vou me permitir postar assim.

Beijos a todos, obrigada pela paciência em ler e muito, muito carinho a todos…

Ah! Ajustemos o foco cada um de nós.


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